Nasci no ano de 1888, já com 17 anos humanos...Foram bons anos, e não estou arrependida do meu Papá me ter passado para esta vida obscura.
Já não me recordo bem desse primeiro ano… na verdade não me recordo bem de nenhum dos meus primeiros anos como vampira…mas o meu Papá diz me que estava sempre sedenta por sangue humano!
Hoje, passados 121 anos, permaneço jovem e bela como quando nasci…Não é mau…assim atraio melhor as presas…mas não gosto de matar, sinto-me demasiado humana para isso, talvez seja só uma ilusão que criei para viver de consciência limpa até ao infinito, ou não sei…Enfim, para não os matar dou-lhes o maior prazer possível, quando amanhece e os pequeninos se vão embora nem sabem bem o que aconteceu ou o que foi sonho…e pelo menos saem felizes!
Durante os meus 121 anos aprendi muita coisa, vi muita coisa e experimentei mais coisas ainda…e apesar de ter tido um Papá presente não se pode dizer que ele tenha sido grande influência!
Mas serviu para aprender a ver o mundo com os meus novos olhos…aprendi que o melhor sangue era de virgens e bebés, mas sempre fui demasiadamente humana, por isso nunca me senti bem a beber de bebés…julgo que porque não se podem defender, não sei…o sangue de virgens é o que mais gosto, e já iniciei muitos adolescentes.
A maior parte, só por uma noite, porém existem raras excepções que consegui tolerar por algum tempo…até eles perceberem o que eu era.
Actualmente, que tudo muda cada dia, e que já não há nada privado, tenho pena de não ter ninguém…ou de ninguém me ter a mim, pois eu já tive muitos humanos…Acontece que os da minha espécie não toleram relações afectivas, agora que penso nisso, o Papá deve ter sofrido por querer ficar comigo e tratar de mim, enquanto os Humanos não toleram relações com os da minha espécie.
Por isso como disse, acho que sempre fui demasiado humana…E apesar de ter vivido anos cheios de coisas maravilhosas penso em quão vazios eles foram…Eu lá os preenchia com aventuras, viagens, esquemas para arranjar presas…
Mas agora sinto-me só….mesmo na companhia do Papá, sinto-me tão sozinha!...Só gostava de ser de alguém, e viver feliz para sempre como nas histórias…pois o amor foi a única experiencia que nunca vivi…
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Autor: Carolina Félix
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